quarta-feira, dezembro 27, 2006

Entrevista: Azevedo Silva

Nesta quadra natalícia, o Onda Curta, inspirado pelos temas confessionais de Azevedo Silva, presentes no EP "Clarabóia", obteve uma entrevista exclusiva junto do mesmo. Ficam aqui as respostas, para desvendares um pouco mais sobre um dos artistas sensação do momentos, na playlist deste teu programa.

Onda Curta (OC): "Clarabóia" é um ep interessante. Como surgiu esta vontade de o fazer?
Azevedo Silva (AS):
Há algum tempo que guardava registos de gravações falhadas, esboços, "desenhos" de melodias. Surgiu também a vontade de cantar em Português depois de um Verão em que fiz uma espécie de "regresso ao passado" e revisitei a discografia do Zeca Afonso. Soube-me bem. Pouco depois de gravar a "Clarabóia" fui apresentá-la a Copenhaga, em 3 concertos. Aí fez tudo mais sentido. Compus até um tema em Copenhaga, em Português, que me soube mesmo bem. Estava decidido a continuar.

OC: O português e o inglês são os dois idiomas utlizados na concepção das letras. Porque não, um só?
AS:
Primeiro porque acho que o mais importante são as palavras que lá estão. Eu posso ser tão expressivo em Inglês como sou em Português. Segundo porque tinha um passado ligado também a vários autores anglo-saxónicos. Nenhum objectivo de internacionalização, se querias chegar aí. :) Se te deixar aliviado, posso revelar que o "longa duração" será somente em Português. :)

OC: O facto de nos apresentares temas tão introspectivos, revela parte do teu carácter?
AS:
Diria que pode revelar algo da alma nacional. Mas como costumo dizer nos concertos: isto são histórias. São a minha história, a tua história, as histórias de qualquer um. Talvez por isso algumas pessoas se identificam com pedaços de cada uma dessas histórias. E eu sou só mais um pedaço.

OC: Utilizas certamente várias influências na tua música. Algumas pessoais outras musicais. Fala-nos um pouco sobre ambas.
AS:
As pessoais uso, certamente. A minha família, a minha vida, os meus amigos, algumas vivências. Algo com que possa falar com alguma propriedade. Nomeadamente dos episódios que me trouxeram até aqui, ao local onde vivo, ao momento presente, a tudo o que eles (a minha família) teve de ultrapassar. Sobre as referências musicais, terei de insistir numa ou duas: Zeca Afonso e Carlos Paredes. Porque foram dois grandes homens e dois magníficos músicos. Ainda hoje me arrepio a ouvir temas de Zeca Afonso e de ver a "simplicidade" de Carlos Paredes a tocar guitarra. Mas acredito que isso não se reflicta nos meus temas. Também é algo impossível de igualar.

OC: Foi fácil construir este projecto? Tens tido muitos apoios?
AS:
Foi fácil porque dependeu, em grande parte, da minha vontade, do meu querer, do meu tempo livre ou do tempo livre que tenho de inventar. Teria de realçar, entre muitos outros que me têm ajudado (nem que seja pela sua simpatia e simplicidade), dois amigos: o Filipe Grácio e o Pedro Moreira. Isto falando deste projecto musical. E falo deles porque um dedicou grande parte do seu tempo a gravar estas canções e outro tem sido uma ajuda fundamental na divulgação do meu trabalho. Mas claro que também terei de agradecer a todos os locais que me acolheram, a todas as pessoas que me receberam bem, aos meus amigos que continuam a apoiar-me e à minha família que está sempre presente. Isto era a parte da construção. Fazê-lo crescer é bem mais trabalhoso! :)

OC: Qual tem sido a aceitação do mesmo?
AS:
Tem sido excelente até ao momento. Estou surpreendido e muito agradecido por todos os comentários e mensagens de apoio que têm deixado no meu espaço.

OC: Que projectos tens para o futuro?
AS:
Agora em 2007 conto lançar o meu álbum de estreia que já está gravado, já tem nome e alinhamento. Só falta mesmo terminar as misturas e tratar de alguns pormenores essenciais. Quero tocar, andar por Portugal, continuar a conhecer pessoas, cidades e vidas, chegar a mais locais. Conto também voltar a tocar lá fora mas esses planos só estão mesmo no papel.

O Onda Curta agradece a Azevedo Silva, e deseja-lhe as maiores sortes para este ano de 2007!