domingo, outubro 22, 2006

Entrevista exclusiva: Houdini Blues

Já são vários os meses em que os Houdini Blues têm merecido destaque no Onda Curta. O albúm "F de Falso", lançado em Março deste ano, revelou-se uma agradável surpresa e chegou a catapultar a banda para palcos como o do Sudoeste, e playlists das rádios nacionais. Finalmente, e entre uma agenda super preenchida, os Houdini Blues lá concederam um dos mais aguardados exclusivos do Onda Curta!

Onda Curta (OC): Quem são os Houdini Blues?
Houdini Blues (HB): Os Houdini Blues são um colectivo eborense que se pauta por criar música sem grilhetas sonoras ou estéticas. Daí o nome de Houdini e a sua quase fatidica existência (blues) de viver a libertar-se e a fugir de todo o tipo de prisões, reais ou metafóricas.

OC: Que influências tem o vosso projecto?
HB: É complicado definir o que nos influencia, é dificil perceber o que fica em nós do que experienciamos, achamos sempre mais válido quando os outros nos apontam e descobrem influências, é mais revelador. O porquê da nossa música é essencialmente reflexo de uma insatisfação e de não reconhecimento na música que nos rodeia. Pensamos sempre "gostavamos que existe uma música deste género!" Só que em vez de ir pesquisar para a net criamo-la nós. As nossas origens são claramente de quem sempre gostou do conceito pop e de canção mas com uma vontade de experimentação e de coisas menos óbvias e comerciais. Somos um compromisso entre estas duas forças.

OC: Como surgiu este "F de falso"?
HB: Este F de Falso é um passo óbvio e natural que sucede a Extravaganza. Nunca tivemos o problema da "folha em branco". Nunca tivemos o caso do "difícil segundo álbum" nem sequer do terceiro. Saimos de um disco sempre com ideias e caminhos esboçados para o que se segue. O que nos motiva é precisamente o único objectivo que temos enquanto criadores. Superarmo-nos. Sermos melhores que nós próprios.

OC: Quais os vossos planos para o futuro?
HB: Fazer um próximo disco, claro. Já começámos a esboçar alguma coisa e a falar para onde vamos a seguir. Tudo muito embrionário. Continuar a tocar e apresentar este disco. De resto não nos pautamos muito por lógicas de mercado. O caminho faz-se caminhando.

OC: Acham que existe suficientes apoios para os novos projectos nacionais?
HB: Existem alguns apoios, claro que poderia haver mais mas isso é como tudo! Nunca perdemos muito tempo a pensar nisso. Contamos connosco e desenvolvemos a nossa auto-suficiência criativa. Ou seja sozinhos conseguimos fazer discos e tocar ao vivo tudo o que vier por acréscimo (concertos grandes, editoras, boas críticas, muito público, etc) é muito bom mas não nos sentimos cativos de factores exteriores. Ser músico em Portugal é dificil porque o mercado é pequeno, as editoras têm politicas demasiado bizarras para entermos a sua lógica de fazer dinheiro. Além disso com o advento das novas tecnologias vamos ver que papel terão as editoras no futuro. O conceito de industria está a alterar-se vertiginosamente. A comunicação social apoia quem acha que deve apoiar, é um processo "justo" por si e que não devemos revoltar-nos contra ele, é assim simplesmente. Haverá um público que se interessa por nós e a nossa missão é fazer com que as pessoas nos conheçam depois o ajuizamento é deles e também é sempre justo se ficam connosco se preferem outras coisas. Espremido isto tudo voltamos à "vaca fria", temos de contar connosco. Se vierem mais, melhor!


O Onda Curta agradece a colaboração e a disponibilidade dos Houdini Blues para esta entrevista, e deseja-lhe as maiores sortes e felicidades para este projecto!